sexta-feira, fevereiro 14

Sobre nossos paraísos


    
Uma pessoa que gosto muito me disse certa vez: “Já vi o paraíso!”. E me descreveu o paraíso dela com saudosismo e um pouco de tristeza, como alguém que jamais poderá voltar a um lugar que achou muito especial. E não vai poder voltar não porque não queira, mas porque o tal lugar já não existe mais.

    Pensei muito sobre isso e gostaria de ter lhe dito que o paraíso, mesmo aquele lá do Genesis da Bíblia Sagrada, estava em constante mudança.

    A começar pelo fato de ter sido projetado para apenas um inquilino e bem mais cedo do que se esperava já era habitado por quatro pessoas. Aquele paraíso não era um mundo apenas de felicidade eterna. Tinha problemas também, um deles muito grave até, o que resultou na redução da população para três.

    O que gostaria de lembrar a ela com essas palavras é que os paraísos mudam e nós também.

    O que não podemos, nunca, é deixar de acreditar que eles existam e, principalmente, que somos dignos de habitá-los. Talvez não tenhamos um paraíso como aquele que vivenciamos, do mesmo jeitinho que era o outro, mais ainda assim podemos fazer dele um bom paraíso. O que importa é que no novo paraíso tenha amor, carinho, cumplicidade, respeito e dignidade.

    Penso que podemos e devemos buscar outro, ou outros, paraísos, mas precisamos tomar os caminhos certos, legítimos.

    Acho que, infeliz ou felizmente, não há atalho para os novos paraísos. Geralmente são caminhos tortuosos, escorregadios, às vezes difíceis de continuar…mas no final sempre vai valer a pena. O mapa para o bom paraíso está em nós mesmos nunca nos outros. Procura com carinho dentro de você, dentro do teu coração que você vai voltar a enxergá-lo. E aí é só pôr o pé na estrada.


Cristian Menezes – 8/2020


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