quinta-feira, fevereiro 13

Flores de papel

 

Guardamos nossas flores de papel...

Um gesto simples, que macula o poder de palavras que não deveriam ser ditas

Desmente atitudes que não poderiam ser tomadas

E deixa nas mãos dos que as ofertaram, não perfume, como rezam os poetas,

Mas intenções de sabores ainda não provados

 

Guardamos nossas flores de papel...

E com elas, os sorrisos, os olhares, os toques na pele, o cheiro do cabelo...

Não são majestosas como as rosas, elegantes como as tulipas ou perfumadas como os lírios

A magia delas está no carinho das mãos que se tocaram antes de fazê-las

e dos lábios que se uniram antes de oferece-las um ao outro

 

Guardamos nossas flores de papel...

Mas se guardá-las teve algum significado maior que a própria gentileza,

somente quem as guardou pode saber

Nem o tempo, que tudo espreita, nem o desejo, que tudo quer

podem prever o que floresce ou desvanece em nossos pensamentos

 

Guardamos nossas flores de papel...

Mas as guardamos como se guarda os sonhos e o vento, que se extinguem com o despertar e o nascer do sol?

Ou as guardamos como se guarda a saudade e a lembrança do sabor de um ótimo beijo, que se enebriam de desejo na ausência para depois se entorpecer de prazer em um esperado reencontro? 


Cristian Menezes 05-2024

 

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