Se vós ainda tendes dúvidas de quem sou e os meus então lhe direi Minha Senhora:
Somos os que bebem
Os que sofrem
Os que choram
Esses somos nós Minha Senhora
Somos os traídos
Os que são iludidos
Os que são punidos
Esses somos nós Minha Senhora
Somos os que desistem
Os que não insistem
Os que nada decidem
Esses somos nós Minha Senhora
Somos os que são abandonados
Os que são maltratados
Os mal amados
Esses somos nós Minha Senhora
Somos as mães solteiras
Os pais ausentes
Os filhos insolentes
Esses somos nós Minha Senhora
Somos os que estão do outro lado da cidade
Do outro lado da felicidade
Do lado frágil da equanimidade
Esses somos nós Minha Senhora
Somos os que ficam, nunca os que vão
Os que esperam, não os que fazem esperar
Os que engolem em seco, não os que fazem engolir
Esses somos nós Minha Senhora
Somos os que se alegram com pouco, porque nunca tivemos muito
Somos os que só se entristecem com muito, porque a dor nunca nos vem aos poucos
Somos os que ficam de fora, no entorno, nos fundos, porque nunca somos convidados a entrar
Esses somos nós Minha Senhora
Somos revoltados, mesmo sem termos vivido a Justiça
Somos invejosos, sem mesmo saber o que é cobiça
Medrosos, mesmo sem entender o significado de coragem
Portanto, não se assuste Minha doce Senhora
Quando nos embriagamos
Quando aparentamos não sofrer
Quando as lágrimas não escorrem
Se, por acaso, trairmos
Iludirmos
Ou punirmos
Se decidirmos insistir
Em não desistir
Se abandonamos
Quem nos maltratam
Os que não nos amam
Se cruzarmos a ponte
Em busca de felicidade
Mesmo que apenas na dignidade
Se depois de muito esperarmos
Resolvermos partir
Para não mais engolir
E quando partirmos, Minha linda Senhora,
Não nos guarde rancor nem te sintas culpada,
Não foi vós, Minha Senhora, que nos fez partir,
Fomos nós, apenas nós cansados de sermos nós mesmos…
Por Cristian Menezes – 12/11/18
Farewell My Lady (or Ode to the Invalid)
If you still have doubts of who I am and mine then I will tell you My Lady:
We are the ones who drink
Those who suffer
Those who weep
These are us, my lady.
We are the ones brought
Those who are deceived
Those who are punished
These are us, my lady.
We are the ones who give up
Those who do not insist
Those who decide nothing
These are us, my lady.
We are the ones who are abandoned
Those who are mistreated
The badly loved ones
These are us, my lady.
We are single mothers
The absent parents
The insolent children
These are us, my lady.
We are the ones on the other side of town.
The other side of happiness
On the fragile side of equanimity
These are us, my lady.
We are the ones who stay, never those who go
Those who wait, not those who make them wait
Those who swallow dry, not those who make swallow
These are us, my lady.
We are the ones who rejoice with little, because we never had much
We are the only ones who are saddened with much, because the pain never comes to us bit by bit
We are the ones who stay outside, in the surroundings, in the back because we are never invited to enter
These are us, my lady.
We are revolted, even without having lived the Justice
We are envious, without even knowing what greed is
Fearfuls, even without understanding the meaning of courage
So do not be afraid My sweet lady
When we get drunk
When we pretend we do not suffer
When the tears do not run
If, by chance, we betray
We deceive
Or punish us
If we decide
To insist
In not giving up
If we abandon
Who mistreat us
Those who do not love us
If we cross the bridge
In search of happiness
Even if only in dignity
If after long we wait
Resolve to leave
Not to swallow anymore
And when we leave, My beautiful Lady,
Do not hold grudges or feel guilty,
It was not you, My Lady, who made us leave,
It was us, just us tired of being ourselves ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário