quinta-feira, março 14

SOCIOLOGIA

Desigualdade social


A  noção popular de que poucos com muito e muitos com pouco gera conflitos sociais e mal estar humano ainda é considerada a principal cauda da desigualdade social  no Brasil e em diversos países do mundo. A desigualdade social no Brasil, apesar dos avanços da primeira década dos anos 2000, ainda é considerada uma das mais altas do mundo.
A desigualdade social prejudica cidadãos de todas as faixas etárias, principalmente os jovens de classe de baixa renda, impossibilitados de ascender  socialmente pela falta de uma educação de qualidade , de melhores oportunidades no mercado de trabalho e de uma vida sadia e digna.
A desigualdade social gera uma previdência enfraquecida que não consegue sustentar os aposentados dignamente; permite a existência de  um mercado de trabalho e uma educação elitizada, onde poucos jovens de menor renda conseguem adquirir uma melhor formação escolar e profissional; e , dentre as piores consequências, propicia  a ocorrência da violência urbana.
O principal desafio é promover o direito ao cidadão  viver dignamente, tendo real participação da renda de seu país através da educação e de oportunidade no mercado de trabalho e, em situações emergenciais, receber do governos benefícios sociais complementares até  a estabilização de seu nível social e meios próprio de sustento.
A atual disposição da renda brasileira possui fatores históricos enraizados desde os tempos das capitanias hereditárias que concentravam a posse de terras, da escravidão que gerou uma massa de pessoas desassistidas  e das monoculturas que não permitiam um maior acesso ao alimento e à riqueza gerada pela terra.
Em 2005, segundo o relatório do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o Brasil ficou em oitavo lugar na pesquisa sobre a desigualdade social, ficando na frente de nações como Guatemala, SuazilândiaRepública Centro-AfricanaSerra LeoaBotswanaLesoto e Namíbia.
Em 2005, o relatório estudou 177 países, o Brasil obteve o oitavo pior índice. Segundo esse relatório, no Brasil, cerca de 46,9 da renda nacional estavam nas mãos de 10% mais ricos da população. Entre os 10% mais pobres, a renda era de apenas 0,7%
Em pesquisa realizada pelo IBGE nos anos de 2008 e 2009, detectou-se que a família brasileira gasta cerca de 2.626,31 reais em média por mês. As famílias da região Sudeste gastam 3.135,80 reais contra 1.700,26 das famílias do Nordeste. Essa desigualdade no gasto mensal das famílias também é percebida entre as áreas urbana e rural.
Na área urbana, a média de gasto é de 2.853,13 reais contra 1.397,29 nas áreas rurais. Esse relatório faz parte das primeiras divulgações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008/09. O estudo visitou 60.000 domicílios urbanos e rurais no período de maio de 2008 a maio de 2009. O estudo considerou despesas, rendimentos, variação patrimonial, e condições de vida das famílias.
                                                           Por Fernando Rebouças


SOCIOLOGIA

Existe privacidade na Internet?



Blogs e Youtubes que perdoem, mas a notícia mais difundida de todos os tempos foi a da embriaguez e nudez de Noé, que chegou à totalidade da população do planeta. É verdade que, depois do Dilúvio, essa população se restringia à família do patriarca - mas, ainda assim, é um recorde insuperável.  
O episódio, relatado na Bíblia, fruto da indiscrição de um dos filhos de Noé, está listado entre os casos emblemáticos de invasão de privacidade pelo Especial Vida Digital de VEJA. Entre outros aspectos, a reportagem realiza um levantamento histórico de algumas noções de intimidade na cultura ocidental. Segundo a revista, a internet e outras tecnologias digitais não conseguem, de fato, apagar o desejo e até mesmo a possibilidade de uma busca pela privacidade.  
O interessante, aqui, é pensar a respeito de algo sobre o qual talvez as pessoas não tenham plena consciência: a de que suas noções de privacidade (e suas práticas) são totalmente diferentes daquela privacidade e individualidade que seus pais e avós conheceram. Os diários pessoais, um tipo de documento indicativo do surgimento da nossa moderna noção de individualismo e intimidade, hoje é mais praticado do que nunca, mas de uma forma muito distinta. Blogs e outras ferramentas na internet contêm toda sorte de pensamentos, reflexões pessoais e angústias íntimas, só que expostas a qualquer um que esteja disposto a ler. Ou seja, um cenário bem distante do caderninho com cadeado que ainda aparece nos filmes! A ideia de intimidade, portanto, é necessariamente reconfigurada de formas que ainda não se consegue vislumbrar com clareza.  
Muitos jovens tiram fotos deles próprios e dos amigos e as colocam na internet. Existe uma facilidade, hoje em dia, de fazer circular imagens, assim como pensamentos escritos. O difícil é controlar a própria imagem, como demonstra a reportagem. VEJA cita pessoas famosas, mas todos estão sujeitos a esse tipo de vigilância. Se alguém é fotografado sem seu conhecimento, por exemplo, numa festa ou em sala de aula, como saber que essa imagem não foi publicada ou multiplicada centenas de vezes? Se a foto foi copiada por alguém em outro país para usos os mais diversos, como ficar sabendo, ou mesmo controlar esses usos?  
Perfis públicos são, na atualidade, praticamente onipresentes. A partir da popularização do Orkut, diversos sites e ferramentas sociais convidam seus usuários a publicar tais perfis. Todo mundo sabe quantos perfis possui? Será que eles se preocuparam em controlar perfis antigos? Ou sabem exatamente onde colocaram qual informação e qual imagem? Por que é tão comum alguém fazer um perfil falso ou inventado de si próprio? Temos, como ponto de partida, a ideia de que o perfil é uma representação de si, tal qual é feita fora da internet. Uma pessoa não se revela completamente para todo mundo da mesma forma e assim também opera na internet, ao selecionar os tipos de informação que compartilha em cada lugar. 
É importante refletir sobre o controle e o acesso às informações veiculadas na internet. A reportagem cita a frase de Scott McNealy, fundador da Sun Microsystems: "Sua privacidade já é zero. Pare de sofrer com isso". Ou seja, segundo ele, cada um deve aceitar o fato de que não existe mais a possibilidade de privacidade. Todo mundo concorda? Que consequências esse tipo de afirmação tem para a forma como é pensada a intimidade?  
Muitas vezes, a própria tecnologia ajuda a explicar esse tipo de opinião. A internet possibilita acesso fácil e rápido a todas as informações que nela trafegam. Ou seja, cada ponto dessa rede, digamos o seu computador, possui um "endereço" específico que pode ser recuperado. E todas as informações que trafegam por esse ponto são, dessa forma, também recuperáveis. Esse tipo de controle total tem excelentes potenciais, quando, por exemplo, é necessário investigar criminosos que usam a internet para pedofilia ou crimes financeiros. No entanto, a mesma tecnologia pode ser usada para recuperar todo o seu histórico de acessos. Ferramentas gratuitas muito comuns, como Google e Gmail, entre outras, utilizam- se desses dados para oferecer, enquanto você navega, publicidade direcionada ao que eles imaginam ser seu interesse, com base nos sites visitados. Ou seja, sua navegação na rede e sua correspondência eletrônica já são particulares somente em parte, pois essas empresas usam seus dados pessoais para direcionar a publicidade.

Questões propostas sobre o texto “Existe privacidade na era da internet?”

1 – No texto, afirma-se que a internet e tecnologias digitais não conseguem apagar o desejo do ser humano por privacidade. Explique essa afirmação.

2 – O texto também afirma que “os diários pessoais...hoje são mais praticados do que nunca”, mas de uma forma diferente. Explique como funciona o diário pessoal digital.

3- Explique por que algumas pessoas costumam fazer perfil falso (fake) de si mesmo nas redes sociais.

4 – Qual sua opinião sobre a frase de Scott McNealy, fundador da Sun Microsystems: "Sua privacidade já é zero. Pare de sofrer com isso”?

quarta-feira, março 13

SOCIOLOGIA

Com que roupa?

 

A reportagem de VEJA explica que, apesar das exigências de formalidade, muitas convenções são mais flexíveis do que aparentam. Trajes como "esporte fino" ou "black-tie", comuns em convites de festas mais formais, podem ser adaptados, segundo a revista, para refletir as formas pelas quais realmente nos vestimos. As aulas a seguir aprofundam esse tema, levando a turma a avaliar como a moda, as convenções sociais e a etiqueta podem ajudar a compreender como nos relacionamos. 
Desde o vestido branco da noiva, que simboliza pureza e é quase indispensável ao ritual do casamento, até o uniforme escolar, que marca a condição de estudante, todas as roupas que usamos expressam uma mensagem pertinente aos meios sociais mais diversos. É importante também citar que tais convenções mudam com o tempo e com a cultura: na Índia, branco é a cor do luto; na China, vermelho é a cor da sorte. Um casamento nessas regiões, portanto, possui outras convenções que para nós seriam estranhas — ou mesmo inadequadas. 
Fica mais fácil entender isso quando pensamos em exemplos concretos de gafes relacionadas à moda. Peça que a moçada lembre episódios nos quais vestiu uma roupa errada ou inadequada. Foram de minissaia a um evento muito formal? Foram de terno a uma festa informal? O que acontece nessas situações? Que tipo de reação é provocada? Quando falamos de formalidade/informalidade, o que isso significa em um casamento, uma festa de aniversário, um churrasco ou um baile de formatura? Por que alguns eventos exigem mais pompa? 
Quando erramos o tom, a sanção social não demora a aparecer. Ou seja, sentimos o peso das convenções quando nos desviamos delas. Regras de vestir se aplicam com mais rigidez às mulheres. Exibir demais o corpo pode ser visto como um indício de que certa mulher não é adequada para o casamento, por exemplo. Para o homem, especialmente no Brasil, uma regra de ouro é não parecer efeminado. Um simples short curto pode levar a questionamentos a respeito de sua sexualidade, assim como o excesso de cuidado com a aparência. 
Regras também mudam de acordo com o tempo e o lugar. Enquanto algumas culturas, como a brasileira, são mais permissivas com relação à vestimenta, outras são mais severas. Isso não significa, como se pensou por longo período, que culturas de países quentes como o Brasil são menos civilizadas do que as européias. Simplesmente comprova que em países quentes, como explica VEJA, algumas regras não fazem sentido e há roupas inadequadas tanto ao clima quanto à cultura. 
Os medievais podem ser citados. Eles recomendavam não cuspir na mesa, mas comiam com as mãos e jogavam restos de comida para os cachorros durante uma festa. Não havia banheiros como conhecemos hoje — as necessidades fisiológicas eram feitas em penicos e depois os dejetos eram jogados na rua. Em tempos modernos, as noções de nojo e repugnância, além do controle das funções sexuais e fisiológicas, ordenam de forma muito mais dura as boas maneiras. Cuidados de higiene e saúde, tão centrais para nossa atual organização social, foram sendo gradativamente implementados no decorrer do século XX, com a descoberta de micróbios e de formas de combatê-los. 
Para o estudioso de moda no Brasil Alexandre Bérgamo, ela serve como intermediação simbólica nas relações entre grupos sociais. Isso quer dizer que funciona, entre outras coisas, para sinalizar sentidos e significados sobre a pessoa para a sociedade mais ampla. A moda ajuda a comunicar a posição de um sujeito social na trama de relações em que está inserido, e por isso mesmo saber vestir-se de forma "adequada" é quase uma obsessão em determinados círculos. Pois saber vestir-se e mesmo portar-se em certos locais (clube de elite, reunião de trabalho, entrevista de emprego ou boate da moda) faz a diferença entre participar ou não da dinâmica social ali presente. 
Ora, por que se presta tanta atenção para o que as atrizes de novela vestem? E por que os vestidos usados no Oscar causam tanto comentário e polêmica? Bjork firmou sua imagem de excêntrica ao escolher um vestido de cisne para uma premiação. No caso dela, a roupa confirma uma expectativa. Alguém imagina a princesa Diana ou a primeira-dama francesa Carla Bruni trajando o mesmo modelito? 
Mudanças na moda relacionam-se fortemente com mudanças nas formas de sociabilidade e nas relações entre pessoas. No decorrer da história brasileira, a variação nos modos de vestir corresponde à alteração nos papéis masculino e feminino e aos diversos ciclos econômicos e culturais que o país atravessou em sua história. 
Nos anos 1920, as mulheres abandonaram os excessos de tecidos e amarras que definiam o bom gosto no decorrer do século XIX e início do XX e adotaram uma moda mais solta e simples, que combinava com seu papel novo na sociedade: estavam entrando no mercado de trabalho e participando da vida pública. 
Conclua sugerindo uma redação em que cada um fale sobre moda e etiqueta — levando em conta que elas são uma expressão de como nossa cultura define o que é certo e errado, formal ou informal, limpo ou desleixado, líder ou liderado — e analise a importância de saber situar-se nesses sentidos.

Bibliografia
O Processo Civilizador, Norbert Elias, Ed. Zahar, tel. (21) 2108-0808
A Experiência do Status: Roupa e Moda na Trama Social, Alexandre Bérgamo, Ed. Unesp, tel. (11) 3242-7171
Moda e Sociabilidade: Mulheres e Consumo na São Paulo dos Anos 1920, Maria Claudia Bonadio, Ed. Senac, tel. (11) 2187-4450 

Questões propostas:
1 - Explique por que as regras do vestir se aplicam com maior rigidez as mulheres?

2 - As regras do vestir tem haver com o grau de civilidade da população de um pais? Se não, em que se baseia tais regras?

3 - Pará o estudioso Alexandre Bergamo, a ''etiqueta serve como intermediação simbólica nas relações entre grupos sociais''. Explique essa afirmação.  

segunda-feira, março 11

FILOSOFIA

Moral e Ética: Dois Conceitos de Uma Mesma Realidade


A confusão que acontece entre as palavras Moral e Ética existem há muitos séculos. A própria etimologia destes termos gera confusão, sendo que Ética vem do grego “ethos” que significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem de “mores”, significando costumes.
Esta confusão pode ser resolvida com o esclarecimento dos dois temas, sendo que Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. Durkheim explicava Moral como a “ciência dos costumes”, sendo algo anterior a própria sociedade. A Moral tem caráter obrigatório.
Já a palavra Ética, Motta (1984) defini como um “conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar social”, ou seja, Ética é a forma que o homem deve se comportar no seu meio social.
A Moral sempre existiu, pois todo ser humano possui a consciência Moral que o leva a distinguir o bem do mal no contexto em que vive. Surgindo realmente quando o homem passou a fazer parte de agrupamentos, isto é, surgiu nas sociedades primitivas, nas primeiras tribos. A Ética teria surgido com Sócrates, pois se exigi maior grau de cultura. Ela investiga e explica as normas morais, pois leva o homem a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas principalmente por convicção e inteligência. Vásquez (1998) aponta que a Ética é teórica e reflexiva, enquanto a Moral é eminentemente prática.  Uma completa a outra, havendo um inter-relacionamento entre ambas, pois na ação humana, o conhecer e o agir são indissociáveis.
Em nome da amizade, deve-se guardar silêncio diante do ato de um traidor? Em situações como esta, os indivíduos se deparam com a necessidade de organizar o seu comportamento por normas que se julgam mais apropriadas ou mais dignas de ser cumpridas. Tais normas são aceitas como obrigatórias, e desta forma, as pessoas compreendem que têm o dever de agir desta ou daquela maneira. Porém o comportamento é o resultado de normas já estabelecidas, não sendo, então, uma decisão natural, pois todo comportamento sofrerá um julgamento. E a diferença prática entre Moral e Ética é que esta é o juiz das morais, assim Ética é uma espécie de legislação do comportamento Moral das pessoas. Mas a função fundamental é a mesma de toda teoria: explorar, esclarecer ou investigar uma determinada realidade.
A Moral, afinal, não é somente um ato individual, pois as pessoas são, por natureza, seres sociais, assim percebe-se que a Moral também é um empreendimento social. E esses atos morais, quando realizados por livre participação da pessoa, são aceitas, voluntariamente.
Pois assim determina Vasquez (1998) ao citar Moral como um “sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam acatadas livres e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal”.
Enfim, Ética e Moral são os maiores valores do homem livre. Ambos significam "respeitar e venerar a vida".  O homem, com seu livre arbítrio, vai formando seu meio ambiente ou o destruindo, ou ele apóia a natureza e suas criaturas ou ele subjuga tudo que pode dominar, e assim ele mesmo se torna no bem ou no mal deste planeta. Deste modo, Ética e a Moral se formam numa mesma realidade.
Por: THIAGO FIRMINO SILVANO - Acadêmico do Curso de Direito da UNISUL em 15/01/2007
REFERÊNCIA 
1 SILVA, José Cândido da; SUNG, Jung Mo. Conversando sobre ética e sociedade. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. 
2 CAMARGO, Marculino. Fundamentos da ética geral e profissional. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1999. 
3 VÁSQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. 18. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998. 
4 GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução à Ciência do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 1972. 
5 VENOSA, Sílvio de Salvo. Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Atlas, 2004.
6 MOTTA, Nair de Souza. Ética e vida profissional. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural, 1984