Ouvi em um documentário sobre
vida animal, que apenas o homem, entre todos os animais, tem a capacidade de
ruborizar. Não havia pensado sobre isso, ainda, mas sim entre todos animais da
Terra apenas o ser humano tem a capacidade de corar o rosto. O importante nessa
história é o porquê dele agir assim.
Penso que enrubescemos por diversos motivos, inclusive por raiva. Mas o que quero observar aqui é a capacidade do homem ruborizar pela vergonha, pelo constrangimento. Corar o rosto por ter sido pego em uma mentirinha, em ter um segredo, antes guardado a sete chaves, repentinamente revelado, uma fala de um interlocutor que tenha afetado sua noção de pudor…e é exatamente ai aonde quero chegar, no pudor.
Pudor, sentimento de vergonha, timidez, mal-estar por algo que fere a decência, a modéstia, a inocência…mas também um alerta contra a naturalidade de exibir certas partes do corpo, se expor…o pudor, portanto, varia de cultura para cultura, de criação para criação, porém, há, e sempre há, um senso comum sobre tudo isso, independente do momento em que se vive. “Cobrir as partes”, como os antigos diziam, remonta à Adão e Eva, o Paraíso, o Pecado Original e toda essa parafernália religiosa, que, amiúde, precisamos para viver em sociedade, em qualquer sociedade, com o risco de não haver sociedade, algo como, salva as devidas proporções, o código de Hamurabi, polêmico, mas necessário.
Nestes nossos tempos “líquidos”, como dizia Zygmunt Bauman, cada vez mais vejo menos pessoas ruborizando, se envergonhando por suas atitudes e menos ainda pela atitude de outrem, sim, porque há, ou havia, quem sentisse vergonha pelos outros, na falta do rubor deles.
Há quem diga que “nossa ética é outra agora”. Não. A ética é a mesma e a tendência é que seja universal e atemporal. Nossa moral sim, está mudando, ficando despudorada, desavergonhada, e se a ética tem alguma culpa no cartório é de não estar julgando a moral como deveria. Na negligência da ética, a moral se afunda na permissividade irresponsável.
Para que o pudor floresça precisa ser regado com respeito ao outro e a si, adubado com dignidade, podado com justiça e mantido à sombra de uma boa ética. Valores e princípios éticos-morais serão os frutos dessa árvore.
Uma sociedade que não ruboriza, robotiza os sentimentos das pessoas para consigo e com os outros, o preço é a desumanização, a coisificação do ser humano, o homem tornado um animal como todos os outros. Perdemos o que nos distingue dos macacos e dos leões. Quem não ruboriza, não se envergonha da própria estupidez, não se revolta ante injustiças, não se arrepende de más atitudes, não reconhece seus erros, não muda, não cresce como pessoa.
No documentário não falaram sobre o arrepiar. Acho pertinente. Os animais se arrepiam, Ato reflexo pelo sentimento de dor, raiva, sensação de frio. O ser humano também eriça os pelos por estes e por outros motivos que não o dos demais animais. Por medo, mas também por orgulho, diante do Hino Nacional ao hasteamento da Bandeira, por emoção, ao se deparar com a justiça prevalecendo sobre a injustiça, pelo despertar do amor em um beijo, por puro desejo.
Ruborizar e se arrepiar, portanto, pode entrar na singular lista do que nos difere dos outros animais. Sejamos humanos, nos importemos mais conosco e com os outros, nos emocionemos mais conosco e com os outros. Essa pode não ser a moral que temos, mas pode continuar sendo a ética que almejamos.
Penso que enrubescemos por diversos motivos, inclusive por raiva. Mas o que quero observar aqui é a capacidade do homem ruborizar pela vergonha, pelo constrangimento. Corar o rosto por ter sido pego em uma mentirinha, em ter um segredo, antes guardado a sete chaves, repentinamente revelado, uma fala de um interlocutor que tenha afetado sua noção de pudor…e é exatamente ai aonde quero chegar, no pudor.
Pudor, sentimento de vergonha, timidez, mal-estar por algo que fere a decência, a modéstia, a inocência…mas também um alerta contra a naturalidade de exibir certas partes do corpo, se expor…o pudor, portanto, varia de cultura para cultura, de criação para criação, porém, há, e sempre há, um senso comum sobre tudo isso, independente do momento em que se vive. “Cobrir as partes”, como os antigos diziam, remonta à Adão e Eva, o Paraíso, o Pecado Original e toda essa parafernália religiosa, que, amiúde, precisamos para viver em sociedade, em qualquer sociedade, com o risco de não haver sociedade, algo como, salva as devidas proporções, o código de Hamurabi, polêmico, mas necessário.
Nestes nossos tempos “líquidos”, como dizia Zygmunt Bauman, cada vez mais vejo menos pessoas ruborizando, se envergonhando por suas atitudes e menos ainda pela atitude de outrem, sim, porque há, ou havia, quem sentisse vergonha pelos outros, na falta do rubor deles.
Há quem diga que “nossa ética é outra agora”. Não. A ética é a mesma e a tendência é que seja universal e atemporal. Nossa moral sim, está mudando, ficando despudorada, desavergonhada, e se a ética tem alguma culpa no cartório é de não estar julgando a moral como deveria. Na negligência da ética, a moral se afunda na permissividade irresponsável.
Para que o pudor floresça precisa ser regado com respeito ao outro e a si, adubado com dignidade, podado com justiça e mantido à sombra de uma boa ética. Valores e princípios éticos-morais serão os frutos dessa árvore.
Uma sociedade que não ruboriza, robotiza os sentimentos das pessoas para consigo e com os outros, o preço é a desumanização, a coisificação do ser humano, o homem tornado um animal como todos os outros. Perdemos o que nos distingue dos macacos e dos leões. Quem não ruboriza, não se envergonha da própria estupidez, não se revolta ante injustiças, não se arrepende de más atitudes, não reconhece seus erros, não muda, não cresce como pessoa.
No documentário não falaram sobre o arrepiar. Acho pertinente. Os animais se arrepiam, Ato reflexo pelo sentimento de dor, raiva, sensação de frio. O ser humano também eriça os pelos por estes e por outros motivos que não o dos demais animais. Por medo, mas também por orgulho, diante do Hino Nacional ao hasteamento da Bandeira, por emoção, ao se deparar com a justiça prevalecendo sobre a injustiça, pelo despertar do amor em um beijo, por puro desejo.
Ruborizar e se arrepiar, portanto, pode entrar na singular lista do que nos difere dos outros animais. Sejamos humanos, nos importemos mais conosco e com os outros, nos emocionemos mais conosco e com os outros. Essa pode não ser a moral que temos, mas pode continuar sendo a ética que almejamos.
Por Cristian Menezes - 05/2022
